Vamos falar a real: seu corpo não nasceu querendo
malhar. Se ele pudesse escolher, estaria agora largado no sofá, com um balde de
pipoca de um lado e o controle remoto do outro, pronto pra mais uma maratona —
de série, claro, não de corrida. Mas não se engane: essa vontade de não fazer
nada é herança dos nossos antepassados. O corpo humano foi moldado para
economizar energia, afinal, lá na era das cavernas, quem gastava energia à toa
acabava devorado ou desmaiado de fome.
O problema é que hoje o bicho-papão não é mais um
tigre dente-de-sabre, e sim o sedentarismo — silencioso, traiçoeiro e letal. E
ele não está nem um pouco preocupado com o seu boletim de ginástica.
Por que o corpo “odeia” treinar?
Simples: porque o treino é desconfortável. Seu
cérebro, esperto como é, tenta te proteger de tudo que considera um
"sofrimento desnecessário". E subir escada em vez de pegar o
elevador? Pra ele, é tortura medieval. Ele vai te dar mil desculpas pra não
treinar: “Tá muito frio”, “Tá muito quente”, “Tô cansado”, “Hoje é quinta,
quinta não combina com agachamento”. E a melhor: “Segunda eu começo.”
O cérebro quer conforto. Mas sabe o que ele não
entende de cara? Que o desconforto controlado do treino é o mesmo que te salva
de problemas reais no futuro: pressão alta, diabetes, dores crônicas, baixa
autoestima e aquele famoso “não tenho pique pra nada”.
Sedentarismo mata. Literalmente.
Estudos mostram que o sedentarismo é tão
prejudicial quanto fumar. Ele aumenta o risco de doenças cardiovasculares,
diabetes tipo 2, obesidade e até certos tipos de câncer. E o pior: ele engana.
Porque no início, parece inofensivo. Você pula um treino aqui, uma caminhada
ali, e de repente está há três anos sem nem dar bom dia pra sua panturrilha.
E depois dos 35, meu amigo, o corpo começa a cobrar
juros. Perde-se massa muscular naturalmente, o metabolismo desacelera, e a
flexibilidade vai embora sem nem deixar bilhete de despedida. É nessa fase que
o exercício físico deixa de ser vaidade e vira necessidade.
Como educar o cérebro a gostar
(ou pelo menos aceitar) o treino?
A boa notícia é: o cérebro é teimoso, mas
treinável.
Aqui vão algumas dicas práticas e bem-humoradas de
como enganar esse safado e colocar o corpo pra mexer:
- Comece pequeno
Seu cérebro entra em pânico quando ouve "1 hora de treino". Então comece com 10 minutos. Sim, só 10. Se depois disso quiser parar, pode parar. Mas provavelmente vai continuar. O difícil é só começar. - Treine em casa
Sem tempo pra academia? Tranquilo. Dá pra suar a camisa na sala mesmo. Tênis, um colchonete e 2 metros quadrados livres já resolvem. - Associe com prazer
Coloque sua música favorita, aquele podcast que você ama, ou até sua série (desde que não fique deitado). Faça da atividade algo mais leve e divertido. - Estabeleça metas
ridiculamente fáceis no início
Tipo: “Hoje só vou fazer 5 agachamentos.” Pode parecer pouco, mas ajuda a criar o hábito. É o famoso "ritual da presença". Uma vez que você coloca a roupa de treino, já está meio caminho andado. - Crie um “calendário da
vergonha”
Pendure um calendário na parede e marque com um X cada dia que você se movimentou. Quando tiver vários dias em branco, a culpa bate — e funciona!
Treinos curtos pra fazer em casa
(sem precisar de aparelhos caros ou um personal morando contigo)
Aqui vai uma sugestão de treino funcional de apenas
15 minutos. Faça 3 vezes por semana e você já estará na frente de 80% da
população:
Circuito (30 segundos por exercício / 10 segundos
de descanso entre eles):
- Agachamento
livre
- Polichinelo
- Prancha
(pode ser com os joelhos no chão no início)
- Corrida
estacionária (correndo parado, levantando os joelhos)
- Flexão
de braço (ajoelhado, se for iniciante)
- Elevação
de quadril (deitado, levantando o bumbum)
- Abdominal
simples
Faça esse circuito 2 a 3 vezes. Em 15 minutos, você
já ativou músculos, coração e autoestima.
Exercícios fundamentais para quem
tem mais de 35 anos
A partir dos 35, o foco do treino deve ir além da
estética. Aqui vão os pilares:
- Força – Para evitar perda
muscular e prevenir quedas no futuro.
Exemplo: agachamento, flexão, remada com elástico. - Mobilidade
e Flexibilidade –
Pra não travar as costas ao amarrar o tênis.
Exemplo: alongamentos dinâmicos, rotações de quadril e ombro, postura de gato-vaca. - Cardiorrespiratório – Porque subir escada sem
bufar é o novo luxo.
Exemplo: caminhada rápida, pular corda, subir e descer degraus. - Equilíbrio – Fundamental pra manter
independência e evitar acidentes bobos.
Exemplo: ficar em um pé só, exercício com apoio instável (almofada, por exemplo).
O corpo
pode até reclamar no começo, mas o cérebro aprende. Treinar não precisa ser
sofrido nem demorado. Precisa ser feito. E com regularidade. Se a ideia
de malhar ainda parece absurda, comece com o mínimo. O importante é não parar.
Afinal, como eu sempre digo: melhor suar agora do que chorar no
cardiologista depois.
Bora mexer esse esqueleto!
@treinador.molina
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